Árvore morta, ninho de uma nova vida
Karolina Maria Rojek
Universidade da Baixa Silésia
Activista feminista e ambiental
Quando visitei o National Park Volcán Nevado de Colima pela primeira vez em Outubro de 2018 para conhecer o mural de Daniela Monserrat Ramos Mayorga, não sabia que estaria a trabalhar aí como voluntária, a 2394 metros de altitude. O meu desejo era combinar a minha pesquisa sobre a arte mexicana e fazer activismo ambiental. Resolvi falar directamente com o director do parque e para minha surpresa e alegria, fui admitida como voluntária para trabalhar 6 horas por dia num viveiro florestal de pinheiros (Pinus hartwegii). Se tivermos em conta o facto de que a extracção ilegal de madeira transforma a floresta num cemitério, percebe-se que plantar novas árvores é vital para qualquer parque que enfrente o mesmo problema.
O parque foi um dos primeiros parques nacionais do México. Um dos objectivos traçados pela direcção é consciencializar os moradores através do desenvolvimento de projectos educacionais e artísticos, e um deles era o mural Árvore Morta como Ninho de Vida Nova, criado por Mayorga.
Em Novembro de 2018 passei a trabalhar voluntariamente no Vivero de alta tecnología Oyamel com um grupo incrível e a minha tarefa era cortar os pinheiros mais fracos, se dois ou mais germinassem no mesmo vaso, e deixar apenas a árvore mais forte. Mais cedo ou mais tarde, eles competiriam por nutrientes e, como resultado, nenhum deles sobreviveria. Descobri que demora meio ano até que um pinheiro fique do tamanho de um polegar, três anos para ser como a minha mão e até 300 anos para ter a altura de uma casa de dois andares.
Mas não há um final feliz para esta história.
Em 2007, o cartel de Michoacán chegou às florestas de Tecalitlán, Pihuamo e Jilotlán. Operadores de motosserras são contratados “voluntariamente” por traficantes de drogas para abastecer o comércio com a China. Estes homens na verdade não têm escolha, ou se submetem ao cartel ou serão mortos. Se tiverem sorte, podem fugir da sua aldeia natal, mas resistir ao crime organizado ali, nas montanhas e na floresta é impossível, pois deixam de conseguir proteger as suas famílias.
A bióloga Sonia Navarro expressou a sua preocupação com outro problema que o parque tem que enfrentar: os incêndios, tanto os acidentais como os provocados por pessoas para preparar a terra para o cultivo de abacate. A floresta está literalmente a desaparecer em alta velocidade e os felinos como o lince, a jaguatirica, o jaguarondi ou a oncilla já quase não são vistos. No México, o abacate é designado como o ouro verde, pois garante um rendimento substancial aos proprietários das plantações, mais do que a extracção legal de madeira. Apenas uma certa quantidade de madeira pode sair da floresta por ano, tendo sido previamente marcada. Teoricamente, nenhuma árvore pode ser cortada se não mostrar nenhum sinal de praga. Mas a realidade é brutal. Quando o Comité Nacional de Florestas (CONAFOR) foi criado, em 2001, admitia que metade da madeira que entrava nas serrações não apresentava marcas legais nem documentos que pudessem comprovar a sua origem. E, lamentavelmente, parece que 20 anos depois a situação não mudou.