Dados do Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica
No mês em que se assinala o Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres, impõe-se reflectirmos sobre o impacto que a pandemia e o cenário nacional e internacional de crise financeira têm significado (e continuarão a significar) nas situações de violência doméstica. Sendo certo que não possuímos os dados científicos suficientes para que possa ser estabelecida uma relação de causalidade entre estes eventos externos e o aumento de casos de violência doméstica, podemos, no entanto, afirmar que no Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica da CooLabora, de 1 de Janeiro a 31 de Outubro de 2022, se registou um aumento de 18,6% nos processos novos quando comparado com o período homólogo de 2021.
Assim, neste período, deram entrada 121 novos processos (107M+14H) de violência doméstica, e continuaram em acompanhamento 138 vítimas de anos anteriores (132M+6H), o que perfaz um total de 259 vítimas (239M+20H) registadas até 31 de Outubro.
Em 36,7% das situações de violência doméstica atendidas, as vítimas tinham filhos/as menores a cargo e em 32,4% existia co-habitação com a pessoa agressora.
Ao nível da tipologia da violência, em 95,6% das situações a pessoa agressora era do sexo masculino (em 42,7% com relação de intimidade/conjugalidade já terminada com a vítima; em 34,7% com manutenção da relação afectiva/conjugalidade com a vítima). A violência física estava presente em 71,4% das situações e a psicológica em 99,6% dos casos. Registámos um aumento das situações com violência sexual associada – 10,4%.
Estes dados reforçam ainda mais a necessidade de encarar a violência doméstica como um problema de todas e todos nós e de aprofundar o trabalho em rede que tem vindo a ser assegurado pela parceria Violência Zero desde 2010.